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Imagem: Confinamento do gado |
O confinamento de bovinos tem se tornado uma alternativa estratégica na pecuária moderna, especialmente em um cenário de aumento da demanda por carne bovina, escassez de pastagens em algumas regiões e busca por maior eficiência produtiva. Mas a grande dúvida entre os pecuaristas é: vale mesmo a pena investir em confinamento? Neste artigo, vamos responder essa pergunta com profundidade, analisando todos os aspectos relevantes.
Sumário
1. O que é o confinamento bovino?
O confinamento é um sistema de produção intensiva em que os animais são mantidos em ambientes controlados, geralmente sem acesso ao pasto, e recebem ração formulada com alto valor nutricional. Essa alimentação permite que o gado ganhe peso rapidamente, alcançando o ponto de abate em menos tempo.
No Brasil, o confinamento se tornou mais comum em épocas de seca, quando as pastagens não sustentam a engorda dos animais, mas hoje é cada vez mais adotado como estratégia produtiva regular.
2. Quais as vantagens do confinamento?
2.1 Ganho de peso acelerado
Animais confinados costumam ganhar entre 1,2 kg e 1,8 kg por dia, dependendo da ração e manejo. Isso permite ciclos produtivos mais curtos e mais giros por ano.
2.2 Maior controle da produção
No confinamento, o produtor tem controle total sobre a alimentação, sanidade e ambiência, o que reduz riscos de perdas e melhora a previsibilidade do resultado.
2.3 Produção durante a seca
Permite manter a produção mesmo em épocas críticas, como o inverno ou períodos de estiagem prolongada.
2.4 Qualidade da carne
O acabamento de carcaça é superior, com maior deposição de gordura e padronização, o que atende aos mercados exigentes e pode garantir bonificações.
2.5 Otimização da área
Em propriedades com espaço limitado, o confinamento permite intensificar a produção e liberar pastos para reforma ou uso agrícola.
3. Quais os principais desafios?
3.1 Alto investimento inicial
A estrutura exige instalações adequadas (cochos, bebedouros, curral, silos), equipamentos e capital de giro para compra de insumos.
3.2 Custo da alimentação
O maior custo do confinamento é a dieta, que representa até 70% das despesas. Flutuações nos preços do milho, soja e minerais podem comprometer a margem.
3.3 Exige gestão profissional
Para ser rentável, é preciso planejamento zootécnico e financeiro, controle de indicadores, avaliação constante do ganho de peso, conversão alimentar e sanidade.
3.4 Manejo de dejetos e impacto ambiental
O confinamento gera resíduos que precisam ser tratados adequadamente para evitar contaminação do solo e da água.
4. Como avaliar os custos e retorno financeiro?
O confinamento é viável quando:
A relação entre o preço da arroba e o custo da dieta está favorável
Existe escala de produção (número mínimo de bois para diluir custos fixos)
O boi magro é comprado a preço competitivo
A venda é feita em períodos de alta no mercado ou com contratos antecipados
O ideal é utilizar planilhas de simulação econômica (como as da Embrapa ou do SENAR) para projetar cenários.
5. Quando o confinamento é mais indicado?
Em regiões com seca severa
Quando o produtor tem acesso a insumos a preços baixos (grãos, subprodutos)
Em propriedades com restrição de área
Para terminação rápida de animais antes da entressafra
6. Tipos de confinamento
6.1 Confinamento tradicional
Ambiente totalmente fechado, com dieta balanceada, uso de silagem, concentrados e volumosos. Requer maior investimento, mas oferece mais controle.
6.2 Semi-confinamento
Sistema misto onde o animal passa parte do tempo no pasto e recebe suplementação proteica ou energética. Menor custo, ideal para transição ou pequenos produtores.
7. Casos de sucesso
Produtores que integram lavoura e pecuária (ILP) costumam ter vantagens competitivas, pois produzem a própria silagem e utilizam subprodutos. Alguns confinamentos lucram mais de R$ 300 por boi terminado, dependendo do cenário de mercado.
Exemplo: Confinamento Santa Rosa - MT apresentou ganho médio de 1,5 kg/dia com custo por arroba 12% inferior à média da região.
8. Links úteis e materiais complementares
9. Conclusão
Investir em confinamento pode sim valer muito a pena, mas não é para qualquer perfil de produtor. Ele exige capital, conhecimento e gestão. Para quem está preparado, pode representar aumento de produtividade, maior renda por hectare e adição de valor à carcaça. O importante é analisar com frieza, planejar bem e estar sempre atento ao mercado.
Se você está considerando investir, comece pequeno, teste em um lote, meça os resultados e, aos poucos, escale com segurança.